domingo, 19 de setembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS NA EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO.

Brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em compromisso, planejamento ou seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer. A brincadeira é transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma expressiva, de uma geração à outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma espontânea.

Nos dias atuais, com as moradias cada vez mais apertadas e os adultos envolvidos em seus afazeres, as crianças de classe média não têm um lugar para brincar e não devem atrapalhar o andamento do lar com seus brinquedos.Não dá para isolar o comportamento lúdico da criança. Ela brinca quando é para brincar e quando os adultos entendem que ela não deveria brincar.A ludicidade está sendo estudada como um processo de suma importância no desenvolvimento humano.

Na opinião de SANTOS (2000, p. 18), tanto PIAGET, como WALLON, VTGOTSKY e outros, atribuíram ao brincar da criança um papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento humano, como maturação e aprendizagem, embora com enfoques diferentes. Dois aspectos sobressaem no estudo dos jogos: sua estrutura e o seu conteúdo.

Quanto à estrutura, nem toda atividade da criança pode ser considerada jogo, pois para que ela se configure como tal, deve pressupor uma representação simbólica. E essa representação pressupõe o estabelecimento de regras que a criança se impõe para representar os personagens que ela incorpora.Outras atividades sem o componente simbólico são simples exercícios, próprios não só da criança, mas de toda pessoa no decorrer de sua existência.

A motivação característica dos exercícios é o simples prazer funcional. E suas finalidades, para a criança, são, entre outras:
  • Servir como reforço às habilidades já adquiridas;
  • Imitar aquilo que o outro realiza;
  • Testar suas habilidades ou adquirir novas;
  • Atrair os outros para a atividade que realiza.
As atividades da criança estão diretamente relacionadas com a afirmação do seu “eu” e, sendo assim, essa atividade é tão importante em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.

Quanto ao conteúdo, podemos dizer que ele traduz os padrões dominantes no meio ao qual estamos inseridos, embora a essa altura do processo de telecomunicações, haja influências de outras culturas chegando com facilidade e rapidez até nós. Entretanto, o conteúdo do jogo diz muito da motivação intrínseca da criança, seja para resolver conflitos, como pensam muitos psicanalistas, seja para construir um conhecimento que é absorvido pela ação de representar.

Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, pois brincando aprende a socializar-se com outras crianças, desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas sim com prazer.

 CUNHA (2001, p. 14) constata que atualmente as crianças não têm um pátio para brincar. Superfamiliarizadas com videogames, televisão e computador, não conhecem o prazer de criar brinquedos com caixinhas e latas, botões e madeirinhas. Nem mesmo jogos de montar. Esses brinquedos oportunizam e favorecem a brincadeira livre e a fantasia. A criança coloca no objeto com que está brincando o significado que ela deseja no momento. Enfim, na pressa do dia-a-dia, os pais e professores tentam simplificar suas rotinas e tarefas, oferecem brinquedos já prontos e que não requeiram montagem, pois não fazem sujeira, nada que precise limpar, arrumar.

Sendo assim, a criança desenvolve-se num meio distante do lúdico, são tratadas como adultos em miniaturas onde o que é mais importante é estudar, aprender, adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades, estimular as inteligências, visando aos objetivos alheios aos seus interesses.

A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo. É possível superar os problemas existentes e oferecer melhores condições de desenvolvimento às crianças, ampliando e valorizando o espaço e as oportunidades de brincadeira.

Bibliografia:
COUTINHO, Sílvia Maria G. & COSTA JR., Áderson. Brincando e aprendendo.  Revista Leia, 2002, p. 1- 4.
CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca, um mergulho no brincar. 3ª. ed. Vetor, S.    Paulo, Brasil, 2001.
SANTOS, Santa Marli Pires dos (org)- Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Vozes, 2ª. Ed. RJ, 2000.
WAJSKOP, Gisela.  O que é brincadeira. – Entrevista com Gilles Brougére. Revista Criança, MEC, Secretaria de Educação Fundamental, nov., 1998, p. 3-9.
WINNICOTT, D. W.  O brincar e a realidade. Imago, R, 1975.
Ângela Cristina Munhoz Maluf – Especialista em Psicopedagogia, Educação Infantil e Especial. É autora do livro: BRINCAR PRAZER E APRENDIZADO-Vozes, 2ª E. RJ, 2003.

Claudia Dela Costa Riva - RA: A6028G8

Um comentário:

  1. Cláudia, amei seu texto!! A importância do lúdico é muito importante no desenvolvimento da criança (vista por alguns autores, com os quais concordo). Esse assunto é uma delícia e sua escolha foi bem feita, pois trata-se de uma bibliografia rica e ele traz o que poucos autores trazem que é a explicação do jogo. O jogo precisa de regras. o Brincar, embora ele não faça essa comparação, é espontâneo. Nem todos gostam de entrar nessa discussão - jogo x brincadeira - porque a linha que os divide é/pode ser tênue. Há quem diga que é a mesma coisa. Eu discordo. o Jogar é mais complexo. O texto é objetivo e longe de ser cansativo, obrigada por compartilhar.

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