domingo, 26 de setembro de 2010

A Importância de Diagnosticar um Problema de Aprendizagem



O relatório "Educação para todos", da Unesco (2010), apresenta o Brasil na 88ª posição no ranking de desenvolvimento educacional, estando atrás dos países mais pobres da América Latina, como o Paraguai, o Equador e a Bolívia. Outro dado alarmante divulgado no referido relatório é a repetência média que na América Latina e no Caribe é de pouco mais de 4%, enquanto no Brasil é de quase 19%. E segundo dados do Ministério da Educação, cerca de 195.000 crianças e jovens abandonam as escolas brasileiras anualmente, por terem déficits de aprendizagem (MEC/2007).

As estatísticas mundiais sobre o impacto dos transtornos causados pelas dificuldades de aprendizagem no desajuste na vida social são bastante preocupantes e o prognóstico do seu desconhecimento por parte de educadores e autoridades é extremamente negativo. Dados fornecidos pela Associação Brasileira de Dislexia e Associação Brasileira do Déficit de Atenção mostram que:

• Apenas 10% das crianças com dificuldades de aprendizagem atingem escolaridade média; 46% dessas crianças são diagnosticadas com ansiedade, comprometendo grande parte da educação fundamental;

• O risco de abuso de álcool por quem fracassa na escola é de 3 a 6 vezes maior do que para outros indivíduos;

• Pessoas com baixa escolaridade sofrem uma freqüência significativamente mais alta de intoxicações acidentais, queimaduras, quedas, desemprego e divórcio;

• Crianças que abandonam a escola têm até 40% mais probabilidade de usarem drogas ilícitas na adolescência.

Outro fator que interfere negativamente no sucesso da aprendizagem é a visão. Dados da Organização Mundial de Saúde, apresentados pela oftalmologista Dra. Elizabeth Brant em fevereiro de 2007 e referendados em 2009, pelo Projeto Olhar Brasil (Ministério da Saúde/Ministério da Educação), falam por si: 30% das crianças em idade escolar apresentam problemas de refração.

Estima-se que de 30 a 60% dos alunos com baixo rendimento acadêmico não fracassam na escola por causa do seu “mau comportamento” ou simplesmente porque se empenham pouco nos estudos, como se pensa. Estas são pessoas cujas habilidades sociais e cujo desempenho escolar são afetados pela falta de estímulos na infância, pela alimentação inadequada ou em decorrência de síndromes hereditárias e disfunções cerebrais, que resultam, por exemplo, em transtorno do déficit de atenção e/ou dislexia.


Diante de estatísticas tão alarmantes, devemos nos preocupar em traçar estratégias para primeiramente identificarmos precocemente os indivíduos portadores de algum déficit, transtorno ou distúrbio de aprendizagem e assim intervirmos ou encaminharmos para os profissionais capacitados, conferindo-lhes maiores chances de um futuro promissor.

Como bem diz o Prof. Marcos Pinotti (LAPAN e UFMG), o Brasil não pode se dar ao luxo de perder uma criança por descuidos na educação ou saúde. Precisamos de todas elas no futuro.

Marina Roberta Vieira Nogueira
Fisioterapeuta, Screener e Pesquisadora – Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães
www.holhos.com.br


Débora Lourenço Crivellaro
RA: A63375-8

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